Gerentes tem uma função que muitas vezes é também um desafio: unir-se ao RH para selecionar e contratar novos funcionários para compor sua equipe!
Dentro do setor automotivo, somado à questão da transformação digital, tornou-se cada vez mais necessária a mão de obra qualificada. Por isso, buscamos uma especialista para falar sobre o assunto, Ana Paula Camargo, especialista em Lean Manufacturing e Recursos Humanos (RH), incluindo o setor B2B ferroviário e automotivo.
Confira todos as dicas e utilize na sua próxima contratação!
1. Considerando o segmento automotivo e o cenário atual de transformação e adaptação, quais as características comportamentais decisivas na hora da contratação e do desligamento de um colaborador?
O segmento automotivo tem mais de 130 anos de história e está passando por um dos maiores questionamentos de sua existência:
- Novas gerações que continuam querendo mobilidade, mas não precisam e nem querem ter um carro para isto;
- A mudança da matriz energética, do petróleo para a energia elétrica;
- A mudança no modelo de comercialização, por exemplo, de uma visita física à concessionária, para a venda digital.
Tendo este cenário em perspectiva, acredito que 3 características fundamentais para este futuro e que me fariam contratar para este setor são:
- Capacidade de questionar o status quo desta indústria centenária, ao invés de ter a resposta pronta, baseada no longo histórico do setor;
- Habilidade de criar com o cliente e não para o cliente, assim como vem sendo feito há anos pelas montadoras;
- Além disso, capacidade de fazer a mudança, apesar da resistência que irá enfrentar.
E para ser demitido:
- Primeiramente, incapacidade de entendimento e adaptação à cultura da empresa;
- Por fim, a insistência em seguir fazendo da mesma forma, sem atualizar-se às novas tecnologias.
2. Na sua opinião, a transformação digital confere um risco real ao mercado de trabalho do setor automotivo, ou os empregos dessa área não devem ser tão afetados?
Com certeza há risco!
Há muitos anos a indústria automotiva vem automatizando atividades, especialmente na área fabril.
Portanto, com tecnologia cada vez mais acessível e aplicável em todos os setores da cadeia automotiva – logística, comércio, fábricas, compras, rede de concessionários, etc – o setor deve passar por uma nova onda de redução de pessoal.
3.Como uma profissional que se declara ativista pelo protagonismo feminino, qual é o próximo passo para que exista mais representatividade feminina no setor automotivo? De que forma a transformação digital e a democratização da informação podem corroborar com isso?
O setor automotivo sempre foi bem masculino, mas isto vem mudando, ainda que lentamente. Praticamente todos os players do mercado tem programas que incentivam a contratação de mulheres, seu desenvolvimento e promoção a postos de gestão.
As montadoras Europeias, por exemplo, têm objetivos claros de % de mulheres em conselho de administração e direção. Em 2018, apenas 16 mulheres (8%) eram executivas nas 20 principais empresas de veículos motorizados e peças da Fortune Global 500.
As novas tecnologias certamente auxiliam neste processo, especialmente na fábrica, que é o local onde a indústria automotiva mais gera empregos diretos. Com postos cada vez mais adaptáveis e friendly, as mulheres podem candidatar-se a estas vagas também.
“A democratização da comunicação e os diversos movimentos de empoderamento feminino estão ajudando as mulheres a se conscientizarem que elas podem ser e fazer o que quiserem. Neste sentido, a indústria automotiva precisará mostrar-se atrativa, para ser considerada pelas mulheres.“
4.Com base na sua experiência em RH e numa das maiores montadoras do país, quais são as principais barreiras comportamentais entre profissionais/empresas do segmento automotivo e a transformação digital? De que forma você acredita que essa adaptação pode acontecer?
Acho que o medo de ser substituído por um bot /robô ou tecnologia é um grande freio neste processo. Entretanto, isso pode mudar.
Os postos de gestão nas montadoras são ocupados em sua grande maioria por pessoas da geração X, a última que nasceu num mundo não digital. Por isso, acho que, se colocarem mais “nativos digitais” nestes postos, a adaptação e o avanço serão mais rápidos.
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Ana Paula Camargo
LinkedIn | Human Power em Jupter / Founder na Yuniq Editora
Mais de 25 anos de experiência nas áreas de Comunicação, Industrial, Lean Manufacturing e Recursos Humanos (incluindo Facilities & Segurança) em empresas de serviços, produtos de consumo de massa, e também B2B no setor ferroviário e automotivo. Desde fevereiro de 2019, envolvida no ecossistema de startups de Curitiba. Especialista em Lean Manufacturing e ativista do protagonismo feminino há mais de 10 anos.
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